
Título: Vítimas
Autor: Jorge Lemos
Editora: Novo Século
Ele é um empresário bem-sucedido, exemplo de pai e, pelo menos até então, fiel à sua esposa – uma vida aparentemente segura e sob controle. Ela, uma jovem extremamente atraente e sensual, que tem uma vida tranquila em uma cidade do interior. Toda essa normalidade é posta à prova quando os dois se conhecem e passam a se encontrar. O estilo de vida e a diferença de idade entre eles – Vítor é 34 anos mais velho que Sarah – não os impedem de se relacionarem e desfrutarem de suas fantasias sexuais mais secretas. Porém, esta paixão proibida deixa rastros incalculáveis no caminho de ambos. Além disso, ele nem imagina que está se envolvendo em um perigoso jogo de sedução.
Vítor é um empresário bem-sucedido, dono de uma fábrica de calçados em expansão. Os negócios estão a todo vapor, e a família é daquelas de comercial de margarina: uma esposa amorosa e dedicada, uma filha que está fazendo residência médica e um filho adotivo extremamente devotado, que é seu braço direito na empresa.
As coisas ficam conturbadas quando Vítor sofre dois atentados, sem saber o motivo e sem nem imaginar quem é o mandante dos mesmos. O empresário entra numa crise de pânico e se nega a sair de casa, começando a ter pensamentos agressivos e de vingança contra os criminosos que lhe atacaram. Sem provas concretas, o caso é arquivado, o que só deixa Vítor ainda mais indignado e desejando fazer justiça com as “próprias mãos”.
Caroline, esposa do empresário, com medo das reações do marido, decide chamar o amigo e psicólogo da família, Dr. Afonso, para que possa avaliar o caso. O mesmo acaba por confirmar a crise de pânico do empresário. Querendo estimular a melhora do amigo, o psicólogo recomenda que Vítor passe 15 dias sozinho em uma cidade no interior de Minas Gerais, onde o clima tranquilo, pacato e a magia do local poderiam acalmá-lo e tranquilizá-lo, afastando, assim, aos poucos, o pavor que o dominou. De comum acordo com a família, Vítor aceita a ideia do psicólogo e vai para Lambari.
Chegando ao local, a princípio Vítor se sente entediado e com saudades de casa. Mas depois de alguns dias algo começa mudar: Vítor passa a observar uma bela jovem ruiva e se sente observado por ela. Com a diferença de - 34 anos - idade entre eles, Vítor se sente ridículo por pensar em algo com a moça. Mas os dias passam, e a mesma acaba por tomar a inciativa e se jogar nos braços dele. Surpreendido, atraído e solitário, ele se deixa seduzir por Sarah logo de cara. Ele nem imagina o quanto sua vida está prestes a mudar!
No início a história me instigou, sabe... Todo o mistério, o atentado e outras coisas relacionadas me deixaram muito curiosa. Mas aí tem uma questão que pesou contra, dentre muitas: 34 anos de diferença é coisa pra caramba, né!?
Mesmo - como grifado várias vezes no livro - que Vítor seja um coroa bonito, em forma, com tudo no lugar e charmoso, 56 anos já não é um quarentão. Ele tem quase 60 anos. 60 ANOS! Desculpe, ele é quase um ancião, terceira idade. Isso me incomodou bastante, tentar imaginar um cara de 60 com uma menina de 20 e pouco, soa muito forçado! É de se imaginar, tem algo errado aí!
Outra coisa... Sarah, que a princípio é descrita como moça de família pobre e interiorana, ao longo da história acaba se transformando - a meu ver, na minha humilde opinião - em uma mulher fácil, sem dignidade e que tenta manter a pose de boa moça mesmo se comportando de maneira que mostra o contrário. Depois de já estar com Vítor, sendo amante dele, e fazer o cara mudar totalmente por ela, não se contém e, alegando "solidão", começa a ter relações sexuais com o vizinho do apartamento ao lado, no apartamento e na cama que Vítor comprou pra eles, pra ser o “ninho de amor” deles.
Mas peraí! Vítor passa todos os dias praticamente o dia todo com ela, e por passar o dia leia-se nus e fazendo sexo o tempo todo, praticamente 24 horas por dia. Aí depois de passarem o dia inteiro junto, o cara sai do apartamento por volta das 11 da noite pra ir pra casa e se deitar - literalmente só deitar - com a esposa. E de 11 da noite às 8 da manhã, quando ele volta, ela se sente solitária?! Oi?
Vítor se torna um homem obcecado e perturbado pela possível "traição" de sua amante. E o mais bizarro é que o fato de ela se sentir solitária nas madrugadas é usado o tempo inteiro como desculpa para o fato de que não bastava ela ser amante de Vítor, precisava também de outro pra cobrir a “enorme” solidão dela. Ela é ninfomaníaca, foi a conclusão a que cheguei!
Mesmo o autor tentando de alguma maneira colocá-la em certos momentos como a vítima da história, eu não engoli. A única "vítima" na história - se é que houve - foi o Vítor. Pra mim Sarah se perdeu e se deslumbrou com a possibilidade de ganhar dinheiro fácil. E as consequências que o caso entre os dois trouxe foram de grande escala.
Nunca me senti assim em relação a nenhum livro, mas não tenho muita coisa boa pra falar desse. A única coisa que me levou até o fim foi o mistério acerca dos atentados. Isso não me deixou desistir.
A escrita do autor me soou forçada e nada natural. Não sou muito de colocar quotes nas minhas resenhas, mas vou pôr um aqui pra vocês entenderem o que estou falando, pelo menos um pouco.
- Se não fôssemos impedidos por ela, talvez hoje não existisse essa magia. - Abraçou-a. Atravessara o abismo. - Daqui por diante, nada vai conseguir me deixar triste nesta vida - disse começando a transar.
Esse trecho relata a primeira vez de um casal que se apaixonou na infância, se guardaram ao longo de anos, um pro outro. E é descrita dessa maneira! Sério, eu não acreditei e reli a última página. E assim vai.
Eu não curti o livro. Ele poderia ter trabalhado muito mais a história, ter divagado menos sobre o passado de cada personagem e dado outros rumos, mas não foi o que aconteceu. Nenhum dos personagens conseguiu me ganhar, não consegui me simpatizar com nenhum deles.
O livro contém erros de revisão, a editora - pelo menos nesse selo - sempre peca com a revisão.
Quem quiser ter sua própria experiência, leia. Afinal, gosto difere de pessoa pra pessoa.