Título: Eu Fico Loko
Autor(a): Christian Figueiredo
Editora: Novo Conceito
Nº de páginas: 160
Onde comprar:Submarino | Saraiva | Americanas
Nota:
Ele só precisou de uma câmera, muita criatividade e um pouco de coragem para criar um dos vlogs mais acessados do YouTube. O EU FICO LOKO é recordista absoluto de views e inscrições, com mais de 1 milhão e 500 mil assinantes.
Para os entendedores, o Christian hoje é um vlogger e um youtuber dos mais bombados. Mas na verdade ele é apenas um cara que gosta de escrever e que transformou o papel em vídeo.
Todos os dias, milhões de jovens procuram pelo Christian em suas redes sociais para saber o que ele está pensando. O porquê desse sucesso fora do normal você vai descobrir neste livro.
Christian Figueiredo é um jovem nada normal. Desde cedo demonstrou aptidão pras câmeras, mas não conseguiu engrenar na carreira de ator. Ainda bem! Desde quando descobriu o YouTube, conquista mais fãs a cada dia. Hoje ele é um dos youtubers mais famosos do Brasil, com mais de 1,7 mi de seguidores no canal. Aos 20 anos, ele ganha a vida com uma câmera, muito humor e incontáveis fãs, e até apareceu na Globo. O livro, que recebe o mesmo nome do canal, foi publicado este mês pela Novo Conceito e já figura na lista de mais vendidos.
Eu acho que a vida de um adolescente nunca é algo normal. E, quanto mais normal for, mais louca ela é! Raciocínio complexo? Sim.Ao contrário da maioria dos livros resenhados aqui no blog, esse não trata de ficção. Eu Fico Loko é um conjunto de crônicas que abordam as experiências do Chris
Numa linguagem bem adolescente, Chris trata de temas como primeiro beijo, primeira vez, família, amizades, relacionamentos, bebida, aparência e autoestima. Através de seus erros contados de forma bem-humorada, o autor tenta passar algumas lições: não mude pra ser aceito por um grupo, não beba por pressão dos amigos, não minta porque você pode se dar mal, etc.
Na adolescência, sempre buscamos a aprovação dos outros. Quase tudo o que fazemos é buscando que alguém olhe pra gente e nos elogie, mesmo que com o olhar. Postamos fotos apenas para recebermos curtidas nelas, exibindo os lugares em que estamos e mostrando que estamos nos divertindo - às vezes só na foto, na verdade, pois o rolê pode estar o mais chato de todos. Enfim, queremos mostrar que temos a vida perfeita e queremos que os outros assistam e curtam essa vida que temos, mas nem sempre está tão perfeita assim.
Confesso que foi um pouco complicado mergulhar no livro, já que passei dessa fase há bastante tempo. Sei que não sou o público-alvo, então obviamente o livro não ia "funcionar" tanto pra mim, mas pela reação dos fãs - a grande maioria composta por meninos e meninas de 10 a 18 anos - é possível ver como suas palavras causam impacto. No entanto, me esforcei pra voltar no tempo e ler com os olhos da Giulia de 10 anos atrás - até ri em algumas partes me enxergando nos relatos.
Mas fiquei um pouco receosa com a forma como ele contou alguns casos. Buscando ser engraçado e não soar como algo depressivo, ele narra algumas "aventuras" derivadas de uma mentira. Por exemplo, na 1ª aula da autoescola ele disse que sabia dirigir, o instrutor o levou para uma avenida movimentada e ele acabou batendo. Ou quando ele foi viajar com um grupo de amigos, que esconderam dos pais toda a bebida comprada pra viagem, todos acabaram bêbados, um passou mal, o outro se machucou com a porta de vidro e a viagem acabou na primeira noite. O jeito como ele conta até torna a história engraçada, mas ao mesmo tempo pode passar uma ideia de que mentir torna as coisas mais divertidas, as mentiras podem não ter uma consequência grave. Você pode até achar que eu estou exagerando, mas não sei o que uma criança de 11 anos pensaria lendo isso.
Ah! Também fiquei um tantinho incomodada com a quantidade de palavrões, mas percebi que ele os usa nos vídeos, então não vai chocar muito a quem já lhe assiste.
Sei que na adolescência a gente julga demais, fala demais, erra demais. Porém, às vezes um simples comentário pode destruir a autoestima de alguém para sempre. Às vezes falamos algo a respeito da aparência da pessoa que pode parecer idiota, mas que vai refletir nela como um complexo para o resto da sua vida. Só finalizo este capítulo dizendo: tomem cuidado com as palavras!
Uma sacada legal que ele teve foi contar parte de uma história no livro e terminá-la no canal. Ao final do capítulo, ele deixa o link e o QRCode pra assistir ao vídeo com ele contando o caso. O vídeo está como não listado, ou seja, só quem tem o link pode assistir, então é como um bônus pro leitor.
Pra combinar com o jeito LOKO, a Novo Conceito usou e abusou da diagramação. Os textos são recheados com vários tipos de fontes e tamanhos, fotos do arquivo pessoal e desenhos engraçadinhos; só senti falta de umas legendas das fotos, porque às vezes eu não entendia quem estava com ele, que situação era, por que aquilo combinava com o texto. Em quase todos os inícios de capítulos tem fotos do Chris tipo modelo, especialmente fotografado pro livro. A capa também ficou bem criativa, misturando foto e desenho com bastante colorido.
Em relação à revisão, houve alguns erros de regência (chegar em ao invés de chegar a, assitir isso ao invés de assistir a isso, etc.). Até entendo que ficaram assim porque é algo informal, como se fosse o Chris falando nos vídeos, mas me preocupo com milhares de adolescentes lendo aquilo e achando que é certo. Esses erros são bem comuns no vestibular, vícios que os professores tentam tirar pelo menos na hora da escrita, e o livro não ajuda a mostrar o português gramaticalmente correto.
Pra nós que já passamos dos 20 é um pouco difícil de entender o fascínio que um youtuber causa, já que nossos ídolos eram no máximo cantores e atores. Um youtuber pode ter mais influência do que muito astro pop, pois são mais acessíveis, falam a mesma língua dos adolescentes e sempre estão com uma novidade a ser mostrada.
Eu Fico Loko é um livro que tem destino certo: adolescentes e pré-adolescentes que tem a internet como hobby. Espero sinceramente que cada leitor absorva as lições boas e não tentem reproduzir os erros. E que uma a futura geração de adultos aprenda que nossos ídolos podem ser pessoas comuns.