Título: Engano
Autor(a): Madalena da Silva Vilela
Editora: Novo Século
Nº de páginas: 328
Onde comprar: Submarino | Saraiva | Americanas
Nota:
Adriana esbanja mistério e beleza pela ruas de Luanda. Mulher inteligente e cobiçada, usa de seus dotes para obter o que quiser; inclusive ingressos VIP para o maior evento da cidade: A Festa da Fama! O DJ mais famoso, o DJ Max, fará a animação do grandioso e esperado evento, e não se fala em outra coisa. No entanto, toda descontração será abalada por um terrível engano, trazendo consequências irremediáveis para a vida da ex-modelo. Nesta trama, estar no lugar errado e na hora errada fará todo sentido.
Enganada. Não há sentimento que expresse melhor o que senti ao finalizar essa leitura. A proposta da autora é ótima: uma pessoa é brutalmente assassinada na Festa da Fama, simplesmente por estar no lugar errado, na hora errada. Há autora pensou em uma combinação de elementos que resultariam um belo romance policial, mas ela esqueceu de desenvolver a história!
Desde o primeiro capítulo eu odiei a Adriana. Ela é vulgar, interesseira e sem a menor vergonha na cara... Quem dera se ela fosse a única pessoa de baixo nível na história. Tudo gira em torno de dinheiro, de interesse... É claro que existem muitas pessoas assim, mas a autora os interligou de forma como se não existisse nada mais no mundo. Ficou tão forçado e dramático, que conseguiu superar a pior novela mexicana já exibida.
A história é narrada em terceira pessoa, de forma todos os personagens possam ser explorados ao máximo. Só que o efeito foi uma tremenda confusão. Muitas falhas levaram a isso, sendo uma elas a falta de capítulos. O indicativo da mudança de cenário eram um desenho geométrico ou frases como 'no dia seguinte' ou 'uma semana depois'. Sério, há tanto disso ao longo do livro, que não consegui assimilar quando se passou entre o primeiro e o último capítulo. Outro motivo foi a total falta de desenvolvimento da história. A história é predominantemente composta por diálogos, como se fosse um roteiro e descrições de como os personagens se sentiam. Não há ambientação alguma e aqueles parágrafos que são essenciais para o bom desenvolvimento de uma história são quase nulos. É tudo pa-pum e acabou. E não é só isso. Simplesmente nada é bem apresentado. Vocês conseguem imaginar um policial de alto escalão que não faz uma simples averiguação simplesmente porque todos os fatos parece estar bem claro? A única coisa que a autora fez razoavelmente bem foi manter o mistério sobre o assassino, que eu só descobri faltando um terço para o fim da história.
E não podemos esquecer da quantidade absurda de personagens que não só estão ligados ao trama principal, mas que também apresentam seus conflitos individuais. Vocês já viram um livro onde cada novo personagem ganha voz ativa? Pois bem, agora conhecem. Policial, DJ, mãe, padrasto, irmã, investigadora, ex namorado...
A capa é bonita, apesar de sua ligação com a história ser ínfima. As folhas são amarelas e diagramação é simples, apesar de achar as letras levemente maiores do que o normal. Há erros de revisão e minha última indignação: a autora é angolana, porque diabos ela foi publicada pelo selo nacional da Editora?
Sem mais delongas, não percam tempo com essa história.