
Título: Quando o vento sumiu
Autor(a): Graciela Mayrink
Editora: Globo Livros
Nº de páginas: 256
Onde comprar:Livraria da Folha
Nota:
Suzan, Mateus e Renato parecem três jovens como outros quaisquer do Rio de Janeiro. Suzan estuda Turismo. Renato e Mateus, Engenharia Civil. Os três são amigos desde o colégio e, apesar de muito diferentes, são inseparáveis. Mas, entre aulas, festas, momentos em família e idas à praia, cada um deles enfrenta seus problemas. Desde que o pai foi pego dando um golpe, Mateus vive só com a mãe, marcado por esse acontecimento. Renato é um garoto rico que resiste às pressões do pai para surfar menos e se interessar mais pela construtora da família. Suzan é apaixonada por Renato e sofre por ser considerada apenas uma amiga – e pela pressão da mãe para que se envolva com ele.
No correr dos dias, a amizade dos três se transforma sutilmente. Suzan deve se declarar ao amigo, ou tentar ser feliz de outro modo? Mateus terá realmente só a amizade para lhe oferecer?Renato deve se render à pressão paterna e se aplicar mais aos estudos? E até que ponto a relação dos três suportará o desgaste do tempo?
Embora tenham toda a vida pela frente, logo descobrirão uma dura lição: algumas escolhas têm consequências duradouras e alteram o curso de toda uma existência. Muitas coisas saem diferente do desejado. O difícil é prever o resultado de nossas opções e conviver com elas no futuro.
E se você pudesse voltar atrás e escolher outro final para a sua história? Que escolha você faria diferente?
Eu queria muito dizer que tive uma leitura agradabilíssima, porque adoro a Graci e já não fui muito boazinha na resenha de A Namorada do meu Amigo. Só que não vai rolar dessa vez. Minhas expectativas eram altas porque eu tinha gostado da escrita, mas não do desenvolvimento, e ainda tinha o diferencial da mudança de casa editorial.
Mas vamos nós... O prólogo me deixou bem animada porque mostrou personagens mais maduros, beirando os 30 anos, mas aí veio o capítulo 1 e me deu um banho de água fria, mostrando jovens com menos de 20 anos. Mea culpa, assumo! O livro é caracterizado como juvenil no site da editora, mas acabei confiando na classificação new adult de alguns blogs. De toda forma, encarei de coração aberto a nova história.
Conheci 3 jovens no início da faculdade vivendo o poema Quadrilha, do Drummond. Mateus amava Suzan, que amava Renato, que não amava ninguém. Mas essas questões emocionais não atrapalhavam em nada a amizade deles, que estavam sempre reunidos na faculdade, na praia ou em casa. A história gira em torno desse "romance", mas também - e principalmente - sobre as questões profissionais e familiares de cada um. Os meninos estudam engenharia, e Suzan cursa turismo, com o sonho de abrir sua própria agência.
Nem todo mundo entra na nossa vida pra nos fazer felizes. Muitas pessoas se aproximam de nós com interesse e, se você não tem nada a oferecer, elas se afastam. Outras caem fora no momento em que a sua presença não é mais importante. [...] As pessoas estão sempre buscando obter algo da gente; quando não temos utilidade, elas não se interessam mais em ficar por perto. É difícil encontrar alguém que queira nos ajudar apenas pelo simples fato de querer ajudar, sem receber nada em troca. Então, quando alguém assim aparece, temos de mantê-la na nossa vida.
Apesar de os 3 terem uma situação financeira bem confortável, Renato se destaca por sua família ser dona de uma construtora. O pai quer que ele estude no exterior, mas sua única preocupação é saber se o sol vai aparecer e se o mar terá boas ondas. O pai de Suzan trabalha na empresa do pai de Renato, mas o maior desejo da mãe é que ela se case com o amigo pra herdar a fortuna. Já Mateus viu sua vida desmoronar aos 15 anos, quando o pai foi preso e ele virou alvo de olhares e falas preconceituosas. Por conta disso, sua mãe largou a vida de dondoca e passou a trabalhar pra minimizar o impacto financeiro na vida deles, especialmente quanto aos estudos.
Basicamente o enredo é esse, e isso se prolonga durante praticamente o livro inteiro. Aí vem a primeira crítica: a narrativa é muito linear, não tem muitas reviravoltas e praticamente nenhuma ação. É um rio de calmas tranquilas
Outro ponto que me incomodou muito foi a elitização dos personagens e cenários. Todos eram classe média alta ou alta, vivendo em bairros nobres do Rio, como Zona Sul, Barra e Recreio. Não sei se vou conseguir me fazer entender, mas houve uma supervalorização do dinheiro, especialmente no núcleo do Mateus, que era sempre destacado como esforçado e a mãe como batalhadora, sendo que ela tinha uma certa renda e precisou trabalhar após a prisão do marido pra não perder o status e poder continuar com os luxos. Deu pra entender mais ou menos?
Quando estou sentindo o vento no rosto, parece que está tudo bem. Eu não sei explicar, mas tenho a sensação de que tudo vai se ajeitar na vida. Dá aquele sentimento de que, se o vento sumir, as ciosas vão ficar ruins pra sempre.
E o final
A narração em terceira pessoa foi uma boa opção para mostrar as vivências dos 3 amigos separadamente, inclusive de seus familiares. Sou uma defensora de livros com narrador-observador, mas queria entender melhor o que se passava na cabecinha de cada um dos personagens e dessa vez queria que fosse em primeira, intercalada entre cada um dos protagonistas. Mas isso não é um ponto negativo, apenas uma chatice minha. rsrsrs
Como recebi uma prova, não posso falar da parte técnica, como revisão, diagramação e material de impressão. A prévia está legal, com poucas coisas a serem acertadas. Mas, já que tô sendo chata, deixa eu falar que fiquei bastante irritada com ausência de palavrões, não pela falta em si, mas por não ser verossímil. Consegue imaginar 2 meninos conversando sobre uma notícia muito ruim e falando "que bosta" ou "que droga"? Entendo que há a preocupação com o público-alvo, mas ficou fora da caixinha.
Não li um dos livros da Graci por não gostar da temática de bruxa, mas senti que esse ficou aquém de A Namorada. As ideias são boas, mas não desenvolvidas de maneira a explorar todo o potencial da história. Não vou desistir de ler