Quantcast
Channel: Prazer, me chamo Livro
Viewing all articles
Browse latest Browse all 1006

Ditadura editorial? Censura Literária?

$
0
0

Pensei muito antes de postar aqui, mas resolvi fazê-lo porque me senti ofendida desnecessariamente.

Hoje à noite, uma certa escritora dona de editora anunciou uma segunda edição de um livro dizendo que ele viria com capítulos extras. Falou isso com certa prepotência, deixando explícito que esse era um diferencial da editora, que não seria como as outras que apenas mudam a capa quando o livro migra de casa. Enfim... Expus minha opinião de maneira educada:

"Peço licença pra externar minha opinião. Gosto muito da [editora] e adoro a [autora], mas acho muito ruim esse lance de capítulos a mais. Eu comprei o primeiro, li há mais de 1 ano e agora vou ter que comprar e ler de novo pra poder ver os extras? O livro já foi lançado, já tem a história rolando por aí desde [o ano de lançamento]. Quer mudar a capa? Não gosto, mas concordo, afinal, é uma nova editora. Só que os leitores antigos saem prejudicados por não ter esse "plus", que poderia ser colocado como um livro extra na Amazon ou disponível para download, como muitos autores fazem."

Minutos depois, meu comentário tinha sido excluído e o post editado, omitindo a informação do bônus na nova edição. A tal dona entrou em contato inbox dizendo que não poderia manter o comentário porque era um perfil de trabalho e ela seguia normas. Quando questionei se o leitor não podia expressar sua opinião, ela disse que sim, mas por e-mail. E ratificou isso posteriormente, publicando no mesmo perfil a informação de que críticas só seriam aceitas por e-mail e qualquer comentário negativo seria considerado pejorativo.

Parou! Quer dizer que eu não posso dizer o que penso (de maneira respeitosa, claro) porque a editora censura os comentários? Se eu dissesse que estava ansiosa pra ler, doida pra comprar ou algo do tipo, tenho certeza de que meu comentário estaria até agora lá. Mas só porque minhas ideias não condizem com as da editora eles apagam o que escrevi? Cadê minha liberdade de expressão?
E eu vou mesmo acreditar que meu e-mail será lido, considerado e encaminhado ao setor responsável, senhora, muito obrigada pela sua opinião. Claro que não. Se é por e-mail, é pra ficar camuflado dos olhares curiosos e esquecidos com um simples clique no botão "apagar".

Pois bem, a autora do livro em questão se pronunciou logo depois, dizendo que realmente teria uma nova edição, mas que o bônus estaria disponível na Amazon pros leitores antigos. Opa, não era o que eu tinha dito? Se isso ia acontecer, por que então meu post foi apagado? Era só a dona ter dito que se expressou mal, pedir desculpas e dizer que era essa a intenção desde o início. Mas, ao contrário, ela me bloqueou no seu perfil. Bloqueou. Não bastou excluir, tinha que bloquear. [Que fique claro que a atitude mal-educada não partiu da autora, e sim da editora]

E aí eu fiquei pensando... Pleno 2013, quase 2014, e a gente tá vivendo uma ditadura editorial. A pessoa abre uma editora, publica os amigos e ignora quem não é muito próximo (mas até aí o problema é dela, afinal, cada um investe o próprio dinheiro onde quer). Mas qualquer empresa que se preze tem o mínimo de consideração com o cliente; no caso de uma editora, o leitor. E a regra é: o cliente tem sempre razão, mesmo que não a tenha. E não é porque estamos na internet que isso não é válido, tem muita empresa boa que faz um ótimo trabalho de marketing e atendimento ao consumidor por chats, e-mails e mídias sociais. Além do bom atendimento, deveria existir a educação, mas isso, infelizmente, é raro hoje em dia. E aí você, consumidor/leitor (a pessoa que sustenta a tal empresa/editora comprando seus produtos/livros) não pode ter opinião, não pode ter voz e vez, não pode se expressar. Aliás, você pode, desde que seja pra "puxar o saco" das publicações e dos autores. Se você falar um "ai" contra, é excluído, bloqueado e entra pra lista negra. tô morrendo de medo

Não sou boba de me deixar ser enganada pelo discurso de valorização à literatura nacional, afinal, editora é empresa, empresa é capitalista, capitalismo exige lucro e só dá lucro quem vende. Essa é uma discussão pra outro dia, se é que vou ter paciência pra fazê-lo, mas só quero deixar claro que ninguém sai por aí investindo em algo se souber que não vai dar o mínimo de retorno. Só que ao invés de investir em marketing (pra que contratar alguém se a pessoa se acha multitarefas?), é preferível manter a boa imagem da editora nas redes sociais, sem nenhuma crítica, pra mostrar que ela é perfeita. Os autores declaram seu orgulho por ser parte do time deles, os leitores só elogiam e se mostram satisfeitos... E os comentários negativos/pejorativos são eliminados.

Pra piorar mais um pouquinho, outras pessoas já me disseram que essa prática ditadora é recorrente, só que muita gente não vê porque não dá tempo; as coisas "pejorativas" são apagadas antes de virem à tona. E cada vez mais a censura continua, porque ninguém quer se indispor, ninguém quer se queimar, ninguém quer perder a parceria... e o autor, ele mesmo não pode falar nada, pois de repente corre o risco até de ser cortado (ou ser enganado na prestação de contas).

Que medo é esse de críticas? Que utopia é essa de achar que um trabalho é 100% perfeito? Não é e nunca vai ser. Se as editoras grandes desagradam, por que as pequenas não o fariam? A diferença é quem quem é grande sabe reconhecer seu erro ou está muito certo do que está fazendo, embasado em pesquisas de mercado e afins. O nome disso é humildade.

Editora de mente pequena não cresce. Ditadura uma hora cai. Censura em tempos de internet não funciona.

PS:Tenho certeza de que muitos autores e blogueiros, apesar de concordarem comigo, não vão comentar nesse post. Não é qualquer um que arrisca botar a cara a tapa. 

Viewing all articles
Browse latest Browse all 1006