Eu não sei por que insisto em tentar ler as coisas que têm referência em Jane Austen. Acho que sou meio masoquista, porque tenho a grande impressão de que não vou gostar nadica dos livros, mas mesmo assim sigo na busca de algo que eu realmente goste. Tudo bem que no ano de 2014 eu tenha resenhado um livro baseado na vida do grande ícone do século XIX (e permanece assim até os dias atuais), tenha adorado ele e morrido de amores. Mas não tenho certeza de que o mesmo aconteceu com este. Vamos conferir o que eu finalmente achei de Jane Austen roubou meu namorado?
Nossa protagonista é Jenny Cooper, melhor amiga de Jane Austen. Logo de cara sabemos que Lavinia Thorpe e Caroline Thorpe, irmãs, odeiam com todas as forças nossa jovem visionária. E é claro que Jenny vai defendê-la com unhas e dentes. Elas estão em um baile. Jane acompanhada de Newton Wallop, segundo filho do conde de Portsmouth. Jenny está com Thomas Williams, jovem capitão da marinha.
O ano é 1791 e Jenny faz dezessete anos. Deveria ser uma data especial, mas acaba sendo marcada pelo fato de não poder se casar com seu amado Thomas. Isso tudo por causa de seu irmão e da esposa dele, que a odiava. É claro que a palavra de Augusta prevalecia com a opinião própria criada por Edward-John (pausa para um adendo: que nome horrível é esse? Jesus amado das poucas criatividades). Aliás, o motivo principal era o dinheiro. Jenny teria até os vinte e um para receber as economias deixada por seus pais, então é óbvio que Augusta não deixaria de pegar cada centavo até esta data chegar.
Thomas precisou embarcar em uma missão, deixando nossa pobre protagonista sozinha. Passando alguns dias na casa de Jane, ela recebe ali as primeiras cartas de seu nobre amado. Como ela não tinha permissão de abri-las, tampouco respondê-las, quem o fazia eram a mãe de Jane e a própria, respondendo a cada linha com um amor tão dedicado que chegava a ser estranho.
Mas será que as aparências transmitem a verdadeira realidade?
O negócio já começou errado porque eu nem sabia que havia um outro livro antes deste, da mesma autora (Eu fui a melhor amiga de Jane Austen). Na realidade, eu até tinha visto seu lançamento, mas, por motivos descritos logo no início desta resenha, preferi me abster de maiores informações e deixe-o de lado (continuo pensando assim, se é que interessa a vocês, rs). Como não sei do que se trata ao certo o anterior, não sei se acabei perdendo alguns detalhes da narrativa, mas demorei bastante para me acostumar com o ritmo que estava tomando. Mas mesmo assim, como boa brasileira, não desisto nunca e, mesmo perdida e boiando na maionese, consegui dar continuidade na leitura e terminei em pouco mais de duas semanas. E só posso afirmar que é algo gostosinho de acompanhar.
É claro que esse livro passa longe do tipo de obra à qual estou acostumada a ler, mas de vez em quando é bom dar uma variada. Conforme disse lá no início, tentei começar a me enredar pelo mundo mágico de Jane Austen que todo mundo diz justamente com um livro que vai retratar sua vida, além de mostrar inclusive seus familiares e a linha do tempo de milhares de acontecimentos. Na época foi uma leitura prazerosa e gostei bastante. Logo em seguida, tentei me aventurar e ler Orgulho e Preconceito. Não tive êxito nenhum e abandonei o livro logo nas primeiras páginas, prometendo voltar a dar uma chance em algum momento de minha vida. Só para deixar um adendo: esse momento ainda não chegou, rs.
Aí surgiu aquele livro que todo mundo dizia ser uma porcaria: Orgulho e Preconceito e Zumbis. Jesus amado, como havia críticas negativas por trás do pobre coitadinho. Era apenas uma maneira de aproximar os jovens leitores de uma escrita um pouco mais rebuscada. E lá vai a Pamela gastar as moedinhas para comprá-lo. Eu amo o mundo mágico dos zumbis, então achava com toda certeza que amaria o negócio e que ele seria o livro favorito de toda minha vida. Como estava enganada. Chegando na metade do livro vi o quão superficial ele era. E mais uma vez meu sonho de amar essa mulher foi por água abaixo...
Quando a Giulia me mostrou a grade de lançamentos de junho da Editora Rocco, acabei me apaixonando por essa capa. E como se trata da mulher que eu não consigo gostar, resolvi dar novamente uma chance. Acho que vou passar minha vida fazendo isso. Uma hora dá certo. Eu espero. Realmente o livro é fofo demais, não deixando o estilo de escrita de Jane passar despercebido. Encontramos de uma forma mais atualizada o texto, mas sem deixar de lado toda sua pomposidade. O fato de ele ter sido escrito em primeira pessoa nos aproxima da realidade retratada. Embora não goste de livros neste estilo, pois justamente temos apenas um ponto de vista, Jenny Cooper é uma boa narradora/protagonista.
Outro ponto que me agrada bastante quando temos este tipo de narrativa é o fato de ser retratado em forma de diário. Além de observarmos o que aconteceu de fato, podemos ter uma ideia do que a protagonista achou de cada coisa, o que ela pensa e o que ela faz por debaixo dos panos.
Mas foi só isso. Jane Austen continua não descendo pela minha garganta e sempre acaba presa em algum lugar. Ok que ela foi revolucionária para a época em que vivia (e isso é muito bem retratado na obra), mas ela não consegue me convencer. Ok que a leitura foi gostosinha, mas só isso também. Para quem precisa descansar a cabeça, ler algo mais leve e, por algumas vezes, engraçadinho, esta é uma ótima pedida.
A capa foi o que mais me chamou a atenção desde o início. Quando o livro chegou e pude sentir aquele toque aveludado, fiquei doida (amo livros assim - editoras, invistam mais nisso pfvr). Além disso, a diagramação interna é simples, mas traz um toque todo especial a cada novo capítulo (ou melhor dizendo, a cada página nova do diário de Jenny), como trago na foto 2. A fonte tem um tamanho ótimo para a leitura, então nesses quesitos a obra tem nota 10!
Ainda estou na busca do livro que vai me deixar apaixonada pela visionária Jane Austen. Se alguém tiver alguma dica, deixa aqui nos comentários porque vai me ajudar bastante. rs!
Rocco Jovens Leitores
288 páginas
Livro cedido pela editora
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