
Mackenzie Allen Phillips tinha uma vida bem boa. Vivia com sua esposa e três de seus filhos, tinha orgulho dos outros dois mais velhos que já saíram de casa, gostava de seu emprego e ia aos domingos aos cultos com a família. Mas tudo mudou depois de um fim de semana acampando. A caçula Missy foi raptada e todos os indícios apontavam para um serial killer de crianças.
Desde então, a Grande Tristeza tomou conta de Mack. Ele carregava a culpa consigo, mas também culpava Deus - o mesmo a quem a esposa chamava de Papai - pela morte da filha. Nan se preocupava com o marido e percebia que ele estava cada vez mais afastado. Kate, a filha mais nova, se isolou e ficou totalmente introspectiva. Uma família feliz destruída pela tragédia.
- Mackenzie, você não pode "produzir" confiança, assim como não pode "fazer" humildade. Ela existe ou não. A confiança é fruto de um relacionamento em que você sabe que é amado. Como não sabe que eu o amo, não pode confiar em mim.
Até que Mack recebe um bilhete o chamando para retornar à cabana onde seu maior pesadelo aconteceu. E o mais estranho: assinado por Papai. Será que Deus estava o convidando? Será que era uma brincadeira de mau gosto? Mas como aquele envelope foi parar na caixa de correios se não havia nenhuma pegada na neve? Tomado por uma mistura de sentimentos ruins, Mack se dirige à cabana. E é lá, no local de maior dor, que ele descobre como Deus é e se relaciona com os seus, aprende sobre cura, juízo, perdão e principalmente amor e vê todo o seu ser transformado após um verdadeiro encontro com Deus.

Eu já tinha lido A Cabana quando adolescente, mas naquela época não era nem de perto tão crítica quanto sou hoje. Só que não foi essa a maior diferença entre as minhas leituras. De lá até agora, passei por muitas outras experiências que me fizeram crescer espiritualmente, aprendi uma nova forma de me relacionar com Deus e pude enxergar o livro de uma forma diferente (torço pra que daqui a uns 5 anos eu releia e tenha uma outra visão, transformada por conta de novas vivências). Resolvi reler por conta do filme e me reapaixonei.
É importante frisar que o livro não pretende substituir a Bíblia nem brigar com ela, pelo contrário, é bem embasado nas Escrituras e apenas se propõe a dar uma interpretação à Trindade e à maneira como Deus se relaciona entre si e com os homens.
- Então qual de vocês é Deus?
- Eu - responderam os três em uníssono.
Ao apresentar o Pai como uma negra, Jesus como

O maior impacto, porém, é explorar o relacionamento de Deus conosco. Mack representa cada um de nós, que em algum momento foi ferido por circunstâncias que fogem do nosso controle e projeta em Deus a responsabilidade por alguma desgraça. Aquelas perguntas que a gente já fez pelo menos uma vez na vida estão presentes nos diálogos; as dúvidas que a gente tenta entender, mas não consegue; os questionamentos que são figurinha carimbada nas discussões entre ateus e cristãos.
- O mal é uma palavra que usamos para descrever a ausência do bem, assim como usamos a palavra escuridão para descrever a ausência de Luz, ou morte para descrever a ausência de Vida. Tanto o mal quanto a escuridão só podem ser entendidos em relação à Luz e ao Bem. Eles não têm existência real. Eu sou a Luz e eu sou o Bem. Sou Amor, e não há escuridão em mim. A Luz e o Bem existem realmente. Assim, afastar-se de mim irá mergulhar você na escuridão. Declarar independência resultará no mal, porque, separado de mim, você só pode contar consigo mesmo. Isso é morte, porque você se separou de mim, que sou a Vida.
E as respostas... ah, as respostas! São um alento para o nosso coração. Não é uma verdade absoluta, mas é uma forma de encarar a Bíblia - às vezes tão confusa e difícil de interpretar - com uma linguagem simples, direta e repleta de amor. Um único parágrafo ajuda a entender uma questão que já te deixou dias encucado. Uma frase que te faz parar a leitura e refletir por bons minutos.
- Eu nunca o abandonei e nunca deixei você. [...] Mas pense nisto: quando tudo o que consegue ver é sua dor, talvez você perca a visão de mim, não é?
Posso passar linhas e mais linhas tentando explicar o que senti ou o que você vai encontrar, mas não vou conseguir. Você precisa ter essa experiência, folhear as páginas de um livro só seu pra poder marcar, escrever (esse tá liberado rs), colar post-its e ter uma conversa mais pessoal com Deus. O objetivo não é converter ninguém ao cristianismo (até porque o próprio livro brinca com o fato de Jesus não ser cristão), mas abrir os olhos pra um relacionamento maravilhoso que muita gente deixa de aproveitar por ideias erradas, medo, traumas ou outros problemas.
Inicialmente lançado pela Sextante, o livro foi incorporado ao catálogo da Arqueiro e recentemente ganhou uma nova capa para combinar com o filme. Aliás, essa edição, que já pode ser encontrada nas livrarias, contém fotos dos personagens e cenas da trama, além de uma nota do autor contando a trajetória do livro, desde os nãos recebidos no começo até as gravações.

Antes de encerrar, queria falar sobre o autor. Ele não é um louco que teve uma epifania e resolveu escrever. William é filho de pastor, viveu com os pais em um trabalho missionário durante a infância e se formou em Religião. Ele não levanta bandeira de religião ou denominação, apenas tenta incentivar que as pessoas conheçam Deus e se relacionem com Ele.
- O sistema do mundo é o que é. As instituições, as ideologias e todos os esforços vãos e inúteis da humanidade estão em toda parte e é impossível deixar de interagir com tudo isso. Mas eu posso lhe dar liberdade para superar qualquer sistema de poder em que você se encontre, seja ele religioso, econômico, social ou político. Você terá uma liberdade cada vez maior de estar dentro ou fora de todos os tipos de sistemas e de se mover livremente entre eles. Juntos, você e eu podemos estar dentro do sistema e não fazer parte dele.
Separe um tempo, peça a Deus pra preparar sua mente e coração para aquilo que você precisa assimilar, dispa-se de preconceitos e leia! De verdade, esse livro pode mudar a sua vida.
PS: Essa semana iremos dedicar os posts para A Cabana. Terá crítica do filme, opinião de outros leitores e muito mais. Acompanhe, todo os dias, às 10h. E no final, quem sabe, a gente tem surpresinha. rsrs

A Cabana - William P. Young
Arqueiro
240 páginas
Livro cedido pela editora
Onde comprar: Submarino | Americanas | Saraiva | Amazon






